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27/03/2009

Um caso... partiu se o vaso!



A sombra silenciosa dos conventos e mosteiros inculcada numa minuciosa organização horária. Ah, distraíram se, mas Lutero e Calvino apontaram o caminho: substituir a oração pelo trabalho.
Um quadro regulado pelos relógios, os sinos são os símbolos do relógio religioso.
Há um pecado de ter “a coragem de enfrentar o tempo”?
Para contrariar o apodrecimento interno, a apetência pateta pela esterilidade, a abulia vertiginosa e a promoção do insignificante não há fundo nem limites.
Afinal é possível retirar um orgulho da actividade despojada. Seres que desenvolvem a exorbitante força de inércia, honram a letargia e a preguiça em valores absolutos.
A partir dos nove fora nada, cada um dedica se à tarefa essencial e fútil: matar o tempo.
Estes partidários lunáticos da demissão , ancoram se na meteorologia: a alma como uma substância atmosférica, cujas oscilações podem ser medidas e mudar. Um desígnio meteorológico no relacionamento com os nossos humores. Sabe-se da influência dos climas sobre os regimes políticos.
O Universo sisudo perdeu a sua aspereza, está reduzido a superfície plana, a formas, a imagens. Pode se experimentar tudo na condição que nada seja importante.
A doença como uma forma de vida.
Mártires da banalidade … mas mártires.

2 comentários:

Unknown disse...

"A doença como uma forma de vida." Letargia apega-se e de que maneira :)
Continuamos com as nossas tarefas quotianas até ao resto dos nossos dias para "matar o tempo".

Kalaari disse...

Concordo totalmente com o conteúdo deste trecho. Na verdade, o homem contemporâneo está de tal maneira absorvido pelas mil e uma coisas que
apareceram, entretanto, no dito mundo civilizado, que deixou de usar a sua imaginação para criar, ele mesmo, a sua pausa de ''lazer'' em coisas mais úteis, não só para ele, como para os que o rodeiam. Por isso
os seus dias, são tempo morto e amorfo, em que nada mais fazem do que se deixarem envenenar por esses espaços mortos c riados por especialistas, cuja missão é precisamente fazerem de nós, indivíduos não pensantes, por isso, não existentes.
Um abraço, irmão.Penso que para já, temo-nos mantido imunes a esta praga.