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19/01/2007

ALGUÉM , DISSE , DIZ , DIRÁ

A forma primeira em que a realidade se apresenta ao ser humano é a de uma completa ocultação, ocultação radical; pois a primeira realidade que se oculta ao ser humano é ele mesmo. O ser humano escondido anseia por sair de si e tem medo disso, mesmo que a realidade inteira não envolvesse nenhum alguém, ninguém que pudesse olhar, ele projectaria esse olhar: o olhar de que ele é dotado e que quase não pode exercitar. E assim, ele próprio, que não pode ainda olhar-se, olha-se a partir do que rodeia.

E chego a este passo doloroso. Há algo de voluntário ou antes, consentido, nesta descida a uma rejeição, neste retorno de que não sou responsável e que sei valer e que não sei nomear e mover-me no orgulho e na paz que tráz um nome, e sabe o que me vem à ideia? Sou filho de mãe incógnita, nunca saberei por que tenho razão e amedronto.

Pela linguagem poética, calcada no silêncio das entrelinhas, que não se reduz ao sensível, nem ao intelígivel, que alimenta o inédito, oculta-se a origem de um modo próprio de ser, tanto ao nível de ser da criação poética quanto ao nível do ser humano.


Meu sorriso cristalizara a sala em silêncio , e
mesmo os ruídos que vinham do parque escorriam
pelo lado de fora do silêncio.

1 comentário:

Gwendolyn Thompson disse...

Olá, meu querido mano.

Estou aqui outra vez reforçando o que te disse. É muito bom tudo isto que comentas com tanta profundidade sobre o nosso real drama, na tentativa de ser, em meio a todas as dificuldades e obstáculos que nós próprios criamos. Chega ser quase insano.
Adoro a forma como descreves tudo isso. E adorei a surpresa de ver a minha foto neste texto.

Beijos, muitos beijos

Gwen