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10/11/2013

A CONDIÇÃO FEMININA


 


A problemática da mulher “objecto” não se circunscreve a um dado país, ou grupo e remonta aos primórdios da humanidade. Observe-se a composição/organização de todos  os seres que marcam a nossa história (global como seres humanos) e nas mais diferenciadas áreas e reparamos logo na abissal diferença ( em número) entre homens e mulheres.

 A vertente teológica desde sempre: as duas grandes religiões que condensaram as suas “verdades” na Biblia e Alcorão são escritas por homens e muito “naturalmente” os protagonistas são sempre masculinos e o papel da mulher quando não insultado é no mínimo secundarizado ( procriação e obediência) e culpabilizada de um hipotético pecado original. Esta epistemologia só pode “dar” mesmo a “mulher objecto”.Mesmo se considerarmos as outras nuances religiosas reparamos que os Criadores são sempre masculinos e os próprios oradores/chefes pertencem em grande número ao mesmo género. Se a primazia do masculino advém da particularidade de ser o homen que possui o sémen da vida, porque é que no fenómeno do aborto, cabe à mulher o  protagonismo do mesmo ( é nela e no seu corpo que se consuma o acto)? É geneticamente possível o aborto ou prevenção ser exercido no corpo do homem

Vertente política: Seja na organização tribal ou nos modelos organizacionais ditos civilizados ( leia-se o papel que os filósofos helénicos atribuíam à mulher) coube e continua a caber a uma larguíssima maioria masculina o protagonismo. Mesmo que apareçam, alguma Joana de Arc ou Rainha Nzinga ou Isabel Peron aí intercaladas neste processo, fácil será reconhecer ,quanto mais não seja pelo número reduzido, como mais uma permissão masculina ( dos quais e por estranho que pareça serem eles os maiores defensores) para justificar a igualdade dos géneros. Os argumentos de defesa da supremacia do homem sobre a mulher, baseados em termos físicos ( mais força, mais velocidade)não são válidos, porque a questão que levanto tem a haver com a Alma, A Ideia, A imaginação, enfim as coisas do Espírito.

Com estes políticos e teológicos “background’s” não é muito difícil chegar á interiorização da superioridade de um género sobre o outro.

O atrás exposto é um”zipado”  retórico pelos motivos óbvios de espaço e do contexto de uma rede social. Serve no entanto para a justificação e agora concretamente em relação à sociedade angolana para dizer que não devemos balizar os motivos justificativos do comportamento da mulher angolana circunscritos só a uma causa. Convém não esquecer que a causa encontrada como justificação e por estar mais próxima, no tempo, não se torna mais válida ou verdadeira nem a mais forte. Gostamos de simplificar e tendencialmente agarramos quase sempre a última causa ou as imediatamente anteriores, por isso é que no sistema judicial condena-se sempre o réu e não temos paciência/vontade para recuarmos ao somatório das várias causas que resultaram no aparecimento do réu.

Nos concretos actuais duas perguntas:

Há dias quando o General Bento Kamgamba subsidiou em milhares de dólares a Miss Luanda a quem devemos assacar as culpas ( se é que existem)? À Miss que recebeu ou ao General que deu?

Na vertente social que consubstancia o facto de um homem ter mais do que uma mulher a quem assacar a responsabilidade a elas ou a eles?. No espaço e no tempo aonde teve isto início?

Nota: A intenção do nomeamento de personalidades, não tem como mote a análise do comportamento das pessoas mas sim considerá-los só como  actores sociais.

A constatação de algumas sociedades matriarcais  que existam hoje em dia ou que já existiram, não tem expressão atendendo ao seu reduzido número.

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