A problemática da mulher “objecto” não se circunscreve a um
dado país, ou grupo e remonta aos primórdios da humanidade. Observe-se a
composição/organização de todos os seres
que marcam a nossa história (global como seres humanos) e nas mais
diferenciadas áreas e reparamos logo na abissal diferença ( em número) entre
homens e mulheres.
A vertente
teológica desde sempre: as duas grandes religiões que condensaram as suas “verdades”
na Biblia e Alcorão são escritas por homens e muito “naturalmente” os
protagonistas são sempre masculinos e o papel da mulher quando não insultado é
no mínimo secundarizado ( procriação e obediência) e culpabilizada de um
hipotético pecado original. Esta epistemologia só pode “dar” mesmo a “mulher
objecto”.Mesmo se considerarmos as outras nuances religiosas reparamos que os
Criadores são sempre masculinos e os próprios oradores/chefes pertencem em
grande número ao mesmo género. Se a primazia do masculino advém da
particularidade de ser o homen que possui o sémen da vida, porque é que no
fenómeno do aborto, cabe à mulher o
protagonismo do mesmo ( é nela e no seu corpo que se consuma o acto)? É
geneticamente possível o aborto ou prevenção ser exercido no corpo do homem
Vertente política: Seja na
organização tribal ou nos modelos organizacionais ditos civilizados ( leia-se o
papel que os filósofos helénicos atribuíam à mulher) coube e continua a caber a
uma larguíssima maioria masculina o protagonismo. Mesmo que apareçam, alguma
Joana de Arc ou Rainha Nzinga ou Isabel Peron aí intercaladas neste processo,
fácil será reconhecer ,quanto mais não seja pelo número reduzido, como mais uma
permissão masculina ( dos quais e por estranho que pareça serem eles os maiores
defensores) para justificar a igualdade dos géneros. Os argumentos de defesa da
supremacia do homem sobre a mulher, baseados em termos físicos ( mais força,
mais velocidade)não são válidos, porque a questão que levanto tem a haver com a
Alma, A Ideia, A imaginação, enfim as coisas do Espírito.
Com estes políticos e teológicos
“background’s” não é muito difícil chegar á interiorização da superioridade de
um género sobre o outro.
O atrás exposto é um”zipado” retórico pelos motivos óbvios de espaço e do
contexto de uma rede social. Serve no entanto para a justificação e agora
concretamente em relação à sociedade angolana para dizer que não devemos
balizar os motivos justificativos do comportamento da mulher angolana
circunscritos só a uma causa. Convém não esquecer que a causa encontrada como
justificação e por estar mais próxima, no tempo, não se torna mais válida ou
verdadeira nem a mais forte. Gostamos de simplificar e tendencialmente
agarramos quase sempre a última causa ou as imediatamente anteriores, por isso
é que no sistema judicial condena-se sempre o réu e não temos paciência/vontade
para recuarmos ao somatório das várias causas que resultaram no aparecimento do
réu.
Nos concretos actuais duas
perguntas:
Há dias quando o General Bento
Kamgamba subsidiou em milhares de dólares a Miss Luanda a quem devemos assacar
as culpas ( se é que existem)? À Miss que recebeu ou ao General que deu?
Na vertente social que
consubstancia o facto de um homem ter mais do que uma mulher a quem assacar a
responsabilidade a elas ou a eles?. No espaço e no tempo aonde teve isto
início?
Nota: A intenção do nomeamento de
personalidades, não tem como mote a análise do comportamento das pessoas mas
sim considerá-los só como actores
sociais.
A constatação de algumas sociedades
matriarcais que existam hoje em dia ou
que já existiram, não tem expressão atendendo ao seu reduzido número.
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