Meu anjo me socorra, meu Mercedes parou e não quer mais andar, me disse ela com aquele olhar indefeso e em dúvida.
Pensei logo que o verde do vestido lhe assentava bem e que a laranja garrafa de gaz lá atrás se enquadrava bem naquela árida área,
Compuz minha melhor pose de macho sabido pensando ser aquele mais um dia de sorte na minha vida e disse resoluto:
Bem… vamos lá ver o que se passa, mas antes me explique lá sua vida, querendo eu saber algo sobre os concretos da avaria.
Que a sua vida era tal e qual negra como a cor do seu vestido, disse ela, me deixando confuso, pois momentos antes a vira de verde vestido.
Que vinha viajando dos confins da terra, horas intermináveis se passando, a dor da solidão por companhia, o destino que nunca mais chegava, se esquecera mesmo da hora da partida, pois fazia já bué de tempo…
Que não Moça, lhe interrompi, eu estava falando da avaria mecânica, como é que o mambo tinha acontecido, se tinha reparado num barulho estranho, enquanto olhava em baixo do Mercedes, descobri logo o quê:
Moça, Você tem a correia de transmissão fora do lugar, salvo seja, por via do rolamento que quebrou
disse eu olhando-lhe os olhos
vendo que ela se sentia perdida,perguntei:
Mas para onde é que a Moça ia?
Não sei. Tracei só uma linha recta na minha vida, pensava que chegaria a algum lado.
Pois de momento e com este carro não vai chegara lado nenhum.Eu vivo no Sumbe e posso fazer uma chamada para um mecânico do Chingo que nos vai dar um reboque, pode ser que esteja ou seja lá o seu destino.
Pois seja, disse ela olhando me nos olhos. Vi logo que Você seria o meu anjo da guarda.
E assim partimos juntos, mão na mão, a reboque em direção à felicidade.
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