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04/06/2008

O "Joguinho" da Imitação


A relação entre Idea e Arquétipo não é perfeita. Pois ,pois, “ perfeito só o Capitão”. A arte imita ou não a Natureza? Consideremos Natureza tudo aquilo que de material ou imaterial existe que nos rodeia e em nós é ou está.
E a imitação tem vontade própria? E de escolha? Parece que a procura da verdade, para melhorá-la ou piorá-la, não é bem a procura da verdade.
Através dos tempos e desde aquele tempo em que supostamente “erámos quadrúpedes”, (de mãos e pés no chão) as formalidades são sempre diferentes, mas a essência é a mesma. Será? Dúvidas…
É que há modelos evidentes. Por exemplo, Homero para o Ulisses de Joyce, Horácio para Ricardo Reis de Pessoa. As estruturas narrativas imitadas e não reproduzidas. Fala-se de “reescrita e de “intertextualidade” mas não de imitação. O acidental esse mudou e está sempre a mudar, valha-nos isso.
Mas voltemos à arte humana relacionada ( transcendental) com o Arquétipo ou a Idea. Para além “ do Capitão “ o Arquétipo também é perfeito, logo não se dará lá muito bem com a Idea. O “problemazinho” que se apresenta será , o drama e o movimento de tudo o que nos rodeia, que não dá cópias perfeitas. Parece ou é consensual admitir que existem boas ou más imitações. “É preciso ler muito e ter ouvido muito para ser um bom orador” diz Cícero no de Oratore.
A imitação não tem que ser servil. Os bons modelos copiados e se o autor não se limitar a copiar, abre uma via, para pôr algo de seu.
A Natureza não permite que algo ou alguém seja igual; a imitação ,para o ser humano, é uma fuga aquela ordem – a diversidade absoluta.
Estamos assim perante as três mais célebres e criticas posições no campo da imitação:
As coisas tais como foram e são.
As coisas tais como as dizem e parece ser.
As coisas tais como deveriam ser.
O século de Virgílio e de Horácio foi um dos tempos em que mais se imitou, mas também o de maior originalidade.
A imitação por supostamente estar ou ser proibida, já não é uma regra, tornou-se defeito e criticável acção, logo torna-se muito mais difícil detectá-la.
Continua assim a saga da imitação. “Influenciado por” ou da “escola de” ,invólucros semânticos, admiráveis neologismos que no fundo nos dizem a mesma coisa de outrora. As palavras renovam-se. São ou não a escrita e a fala acidentes vivos no nosso percurso?
Consiste a essência da Poesia na imitação da natureza?


2 comentários:

Ricardo Rayol disse...

fico pensando aqui que com 6 bilhões de seres humanos e outro tanto de seres criativos é impossível não nos aglutinarmos em modelos. Ninguém nunca lhe disse que teus escritos lembram alguém?s

KImdaMagna disse...

Certamente caríssimo, eu imito-os,
imito-me e imitarei ad eternum...
A questão era mais do lado da boa ou não imitação.
Tem plena razão é-nos impossível não nos aglutinarmos...

Abração