Museu da Escravatura conta com novos livros sobre a escravidão
O Museu Nacional da Escravatura conta agora com mais uma vintena de livros e suporte audiovisual sobre a escravidão, doados pela antropóloga afro-americana Sheila Walker, que esteve em Angola de 10 a 15 deste mês.
Uma nota de imprensa do museu, assinada pelo director geral, Simão Soundouila, informa que a doação de Sheila Walker ocorreu à margem do encontro que manteve recentemente, em Luanda, com os membros do Comité de Angola do Projecto da UNESCO “A Rota do Escravo”.“Os livros abordam vários aspectos do tráfico negreiro entre a costa africana, americana e das Caraíbas, a evolução histórica no novo mundo dos cativos, bem como a perpetuação nesta região das suas culturas de origem, a sua nova organização social, a neo-criação artística e literária”, referiu.A nota salienta ainda que os livros e discos definem o tráfico negreiro transatlântico como um puro mercado, a dimensão geopolítica e geoestratégica desse negócio, a contribuição da mão-de-obra negra na expansão do arroz no continente americano e no conjunto insular caribenho, entre outros aspectos do quotidiano dos escravos.
Fonte: Angola Press - Editado por AD Tuesday, 19 February 2008O Museu Nacional da Escravatura conta agora com mais uma vintena de livros e suporte audiovisual sobre a escravidão, doados pela antropóloga afro-americana Sheila Walker, que esteve em Angola de 10 a 15 deste mês.
Uma nota de imprensa do museu, assinada pelo director geral, Simão Soundouila, informa que a doação de Sheila Walker ocorreu à margem do encontro que manteve recentemente, em Luanda, com os membros do Comité de Angola do Projecto da UNESCO “A Rota do Escravo”.“Os livros abordam vários aspectos do tráfico negreiro entre a costa africana, americana e das Caraíbas, a evolução histórica no novo mundo dos cativos, bem como a perpetuação nesta região das suas culturas de origem, a sua nova organização social, a neo-criação artística e literária”, referiu.A nota salienta ainda que os livros e discos definem o tráfico negreiro transatlântico como um puro mercado, a dimensão geopolítica e geoestratégica desse negócio, a contribuição da mão-de-obra negra na expansão do arroz no continente americano e no conjunto insular caribenho, entre outros aspectos do quotidiano dos escravos.
O Museu Nacional da Escravatura, em Angola, ligado ao Instituto Nacional de Patrimônio Cultural (I.P.N.C.), se encontra na estrada que liga Luanda à Barra do Kwanza. Para sediar o museu, foi escolhido o interior de uma capela do século XVII, a denominada “Capela da Casa Grande”, localizada no Morro da Cruz, bairro afastado da cidade de Luanda, capital do país, a oeste do continente africano.
-UM MUSEU NA CAPELA DA CASA GRANDE -
O Museu da Escravatura de Angola é uma das instituições mais destacadas do país, e, de acordo com informações obtidas no local, foi criado com o objetivo de informar sobre a gênese da essência da história da escravatura em Angola.As instalações da sede do museu, em função da realidade do próprio país, são relativamente modestas. Apesar da simplicidade, o singelo museu é motivo de orgulho e identidade dos angolanos, que lhe atribuem um enorme valor e reconhecimento, funcionando como local que abriga os testemunhos da história de seus antepassados, que vivenciaram a escravidão e o sofrimento do povo angolano.Criado em 07 de dezembro de 1997, o Museu da Escravatura está instalado na propriedade do Capitão de Granadeiros, D. Álvaro de Carvalho Matoso, Almirante das Naus Lusitanas para as Índias.D. Álvaro, Cavaleiro da Ordem de Cristo, era filho de D. Pedro Matoso de Andrade, que foi capitão-mor dos presídios de Ambaca, Muxima e Massangano, em Angola, e um dos mais inveterados comerciantes de escravos da costa africana, na primeira metade do século XVIII. Este português deu origem à família européia mais antiga, que ainda possui alguns descendentes em Angola, ora com os nomes de “Matoso de Andrade e Câmara”, ora com a denominação de “Câmara Pires” . Apesar de D. Álvaro ter falecido nessa residência em 1798, hoje sede do museu, seus familiares e herdeiros continuaram a exercer o tráfico de escravos durante mais de 2 séculos, quando este foi cancelado em Portugal, sendo definitivamente abolido em 1836.A Capela da Casa Grande, onde se localiza o museu, é de grande representatividade histórica, e era o lugar onde os escravos eram batizados antes de embarcar nos navios negreiros que os levavam às colônias.
- A EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE ABOLIÇÃO -
No museu, o visitante pode aprender um pouco mais sobre o processo de abolição do tráfico de escravos através da seguinte evolução cronológica:· Dez/1836 – Um decreto é apresentado à Rainha de Portugal, D. Maria II, pelo Visconde de Sá Bandeira, 14 anos depois da independência do Brasil. No documento, apesar de não constar nada relacionado diretamente à causa da abolição da escravidão, nem à circulação dos escravos em território africano, já se proibía a exportação dos escravos através do mar para as colônias da América.· 1850 – O Brasil fecha seus portos à importação de escravos, dando início ao processo de decadência do tráfico de escravos.· 29/04/1858 – É expedido decreto prevendo a liberdade dos escravos nas colônias, que só ocorreu, de fato, 20 anos depois desta data.· 25/02/1869 – Um decreto real declara “libertos” todos os que eram escravos nessa data, estabelecendo, entretanto, que eles deveriam continuar prestando serviços a seus antigos donos, em troca de um pequeno salário.· 28/04/1875 – Um decreto dá a liberdade definitiva aos “libertos”, um ano após esta data, mantendo-os, porém, sob a tutela pública até 29/04/1878. A partir de 1878, preparam-se as leis trabalhistas que iriam estabelecer regras diferentes das leis européias para as colonizados. Desta forma, foi oficialmente estabelecido o fim da escravidão nas colônias portuguesas, não deixando, porém, de se evitar que as legislações corruptas incluíssem regulamentos que permitiam formas de trabalhos forçados, mesmo existindo um contrato de trabalho formal. Estes regulamentos só eram aplicados aos cidadãos das colônias, chamados de “indígenas”.· 1961 – O Decreto-Lei 39.666 revogou o “estatuto indígena”, passando a considerar todos os cidadãos das colônias como “ cidadãos portugueses”.· 13/12/1961 – Um diploma legislativo extinguiu a “taxa pessoal anual” ou “imposto indígena”. Em seu lugar, foi criado o “imposto geral mínimo”, que deveria ser pago por todos os cidadãos portugueses de todas as raças e condições sociais.
- POPULAÇÃO ESCRAVA -
Com base em dados de 1950, o número de escravos, de origem africana, existentes no continente americano, estava distribuído da seguinte maneira: EUA e Canadá – 31%; México e América Central – 0,7%; Caraíbas – 20%; América do Sul – 48%.No Brasil, no período de 1701 a 1810, os escravos angolanos representavam 68%. De 1817 a 1843, a quantidade diminuiu para 42%. Cabe destacar que, em 1843, os escravos de origem angolana somavam 33% dos escravos traficados para o Continente Americano. Neste mesmo período, dos 385.000 escravos exportados da África Central, 243 mil saíram através dos portos de Cabinda, Zaire, Ambriz, Luanda e Benguela.O Morro da Cruz, em Luanda, onde atualmente está localizado o Museu da Escravatura, era um desses portos de embarque de escravos.
Museu Nacional da Escravatura
End: Capela da Casa Grande
Morro da Cruz – Luanda – Angola
Horário de visitação: das 09 às 16 h
4 comentários:
Tenho de regressar para ler tudo com calma. bom sítio.
inveterados o que significa esta palavra ?
Significado de Inveterado
adj. Muito antigo: inimigos inveterados.
Arraigado, entranhado, fortalecido pelo tempo: mal inveterado.
tentei entrar no seu blog...
Tenho vindo a estudar a historia da escravatura e a sua abolição,os Matosos d'Andrade e Câmara grandes traficantes de escravos.Supreende me que foi um dos seus descendentes que aboliu a escravatua trata-se de Eusébio Matoso d'Andrade e Câmara.
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