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06/06/2008

O Pathos , o Logos e o Ethos.

Mimado, frágil, o ser humano ocidental, exige grandes atenções em variadas formas. Encontra compensação na convivialidade tranquilizadora dos sinais em que se reconhece no outro.
A ambivalência da retórica sempre existiu. Que faz ela ? O que provoca ? Desmascara os pensamentos falsos ou é o instrumento demoníaco que os instaura ?
A opinião comum, mutável e contraditória é alimento “gordo” da retórica. Por agora, aceitemos, que ela ( a retórica ) estuda e põe a nu os mecanismos tanto das grandes fraudes como dos melhores entretenimentos.
Mas qual o fundamento e garantia desta razão provocada pelo sujeito? Reconhecemos entretanto, que a razão perdeu a sua substância anterior, resta-lhe a forma residual. A “crise da razão” oscila e não está só: oscila com ela toda a tradição herdade dos gregos.
As ciências humanas estão marcadas pela condição retórica. A hermenêutica, uma interpretação do passado, atesta-o. Mesmo a manipulação das paixões como a propaganda demonstra-a. O signo que mobiliza, faz imaginar uma acção a fazer ou não fazer, fazendo um juízo que se aceita ou se recusa. A nossa lógica não possui um rigor natural, mas construído. Pergunta-se, quem detém a “boa” concepção da retórica ?
Ressalta assim à priori que a própria retórica ao longo da história tem entre si variadas e concorrentes definições. Há uma ausência de unidade do domínio , perpetua-se a imprecisão. Por outro lado as características da retórica por vezes também se interpenetram.
Há sempre na relação retórica distâncias sociais, psicológicas, intelectuais que se manifestam por argumentos ou sedução. Podem existir outras nuances, menciono no entanto estas três bases, mais uma trilogia:

A invenção que é uma investigação.
A disposição que estrutura e coloca as ideias em ordem.
A elocução que faz passar a mensagem.

Afinal não nos interrogamos sobre o problemático: discutimos teses opostas sobre as quais uma maioria de pessoas ou de sábios com autoridade estão em desacordo, e a propósito das quais eles formam portanto um novo acordo. Parece-me, digo parece-me, que o ideal proposicional, a proposição, impõe-se excedendo o seu contrário.
Por sua vez o tempo cria alternativas, conceitos aceites e aclamados deixam de o ser com o passar do tempo, encaixe perfeito para o carácter sucessivo da realização dos opostos. Todas as noções deslizam e misturam-se e a retórica apodera-se delas. Assim a “distância” entre os seres humanos precisa de justificação e consoante a tónica que se imprima à retórica nascem ditos diferentes.
No pathos obtemos a retórica –manipulação. Se a colocarmos no logos dará uma visão lógica e argumentativa. A partir do ethos desembocamos no papel determinante do sujeito e da sua moral. Eu concluo que as respostas dependem quase sempre de uma norma.

2 comentários:

Ricardo Rayol disse...

achei intrigante uma sentença logo no começo que o ocidental precisa ser afagado. Isso daria um bom desenvolvimento no campo da psicologia existencial.

KImdaMagna disse...

sem dúvida que é um caso Patopsicológico. O tantra dialéctico ajudará ao AFAGO ou melhor dizendo o AFAGAMENTO que por sinal tá bem perto do Afogamento?
Mas que farei eu depois sem a existencial dúvida?

Xaxuaxo