- Trinta euros por um pinheiro, o tanas! Há tantos no Pinhal da Paz!
- Mas na rádio avisaram que é proibido e que as multas são muito pesadas para os que forem apanhados com pinheiros que não sejam de viveiros, com certificado e tudo! Dizia Videntinha dos Barros, esposa de Xico Esperto, enquanto observa a estrada que os leva ao citado pinhal.
- E quem é que vai controlar? Mais árvore menos árvore, a quem isso interessa? É mais uma estratégia dos viveiros para aumentarem o negócio, além disso, não pago impostos? Afirmou, perguntando Xico Esperto, então…
- Bom, vamos, lá escolher um que se faz tarde. Fez saber Xico, já no meio do pinhal, carro parado, observando o meio envolvente.
- Mas já só há dos grandes, diz Videntinha, esperançada numa desistência dos intentos.
- Destroem tudo! Que vergonha! Mas de mãos a abanar é que não saio daqui… a copa deste ali serve.
- Dá-me as ferramentas.
- Hem?! Queres que corte um tronco destes com isto?
- É o que há… e cuidado, que é a das batatas; justificou Videntinha a entrega da pequena faca.
- Arranca-o com raízes, Papá… para ele não morrer; sugeriu Riquinho.
- Com raízes? Uma parvalheira dessas só, pode ser coisa do idiota do teu professor de Ciências.
- Bem nós esperamos no carro. Está a começar a ficar frio. Não te demores muito, pediu Videntinha.
- Com raízes! E ainda por cima começou a chover! Vais ver!
Furiosamente dirigindo-se ao pinheiro começou a cortar com a faca o tronco dois palmos acima do chão, sob a constante chuva e várias ruminações suas.
Quarenta minutos depois, com o pinheiro de três metros às costas e já junto ao carro avisou:
- Pronto , já está!
- Cortaste-o! Não quero esse! Não quero um pinheiro morto! Choramingou Riquinho.
Tão a ver a cena… o Nissan Micra, com Xico Esperto e Videntinha à frente; no banco de trás, Riquinho mais o pinheiro, ramos saindo pelas janelas traseiras abertas, metro e meio da copa para fora do portabagagem aberto.
- Não quero um pinheiro morto! Tenho frio! Estou a apanhar chuva! Agravou Riquinho, carro estrada fora em direcção à via rápida.
- Ou mandas calar o imbecil do teu filho ou faço-o engolir o maldito pinheiro!
- És um bruto, Xico! O que tu dizes ao miúdo!
- Não quero um pinheiro morto! Reforça Riquinho.
- A gente trata-lhe do enterro! Pronto, cala-te.
- Vai mais devagar Xico! Está a chover… avisa Videntinha.
- Queres que a Polícia nos apanhe? A uma hora destas e encharcado como estou! Qual mais devagar!
- Eu não quero um pinheiro morto!
- E que é que tu julgas? Que sou um destes imbecis que compram as cartas? Sei muito bem, quando posso acelerar e… eh?!... E este? Porque trava?
CLONC,CRASHPUM,CATAPUM. Choque com a traseira do verde carro.
- Merda! Este cretino vai ouvi-las! Sai do seu Micra dirigindo-se ao outro condutor.
- Azelha! Travar assim! Podíamos ter morrido! Não fossem os meus reflexos… olhe como ficou o meu carro! Ainda por cima, o seu, nem um risco tem… Isto vai custar-lhe os olhos da cara.
- Quem vai pagar é você, seu nabo! Bateu-me por trás.
IIIIIIINNNCCHH, pneus a chiar,CRASH,CLONC. Um outro carro embatera na traseira do Micra, partindo o parabrisas, por via do pinheiro.
- Aghhh! Imbecil, não vês que estou parado? Perguntou Xico Esperto em direcção ao condutor que embatera na traseira do Micra.
- Olha para isto! Tens de mudar de lentes, cegueta! Vou arrancar-te o pouco cabelo que te resta, és um perigo, um irresponsável…
- Mas eu nem toquei no seu carro! A árvore está tão saída! Se tivesse…
- Boa tarde, o que se passa aqui? Demanda o Polícia agora chegado.
- Este amigo, como pode ver, bateu-me por trás, enquanto eu parara por causa da bicha.
- E eu como essa árvore encobre as luzes de presença e está muito saída, não pude travar a tempo e partiu-se-me o parabrisas.
- O senhor terá de pagar todos os prejuízos, por não ter mantido a distância, Quanto a este ( referindo-se a Xico Esperto) , vou multá-lo por… vejamos…
- Eu?! A mim?! Pergunta incrivelmente incrédulo Xico Esperto.
- Exactamente. Pode mostrar-me o certificado de compra do pinheiro?
- Eh… o… certificado…
- Trinta euros de gasolina, cento e vinte de multas, quatrocentos do arranjo do carro, quinze para a gripe que apanhaste… sem contar com a faca das batatas que ficou bonita! Mas poupámos muito, poupámos! E ainda por cima os pinheiros de viveiro duram mais tempo… disse-lhe Videntinha, mirando o acidentado pinheiro natalíciamente adereçado, a um canto da sua sala.
- Eu não quero um pinheiro morto!
- Mas na rádio avisaram que é proibido e que as multas são muito pesadas para os que forem apanhados com pinheiros que não sejam de viveiros, com certificado e tudo! Dizia Videntinha dos Barros, esposa de Xico Esperto, enquanto observa a estrada que os leva ao citado pinhal.
- E quem é que vai controlar? Mais árvore menos árvore, a quem isso interessa? É mais uma estratégia dos viveiros para aumentarem o negócio, além disso, não pago impostos? Afirmou, perguntando Xico Esperto, então…
- Bom, vamos, lá escolher um que se faz tarde. Fez saber Xico, já no meio do pinhal, carro parado, observando o meio envolvente.
- Mas já só há dos grandes, diz Videntinha, esperançada numa desistência dos intentos.
- Destroem tudo! Que vergonha! Mas de mãos a abanar é que não saio daqui… a copa deste ali serve.
- Dá-me as ferramentas.
- Hem?! Queres que corte um tronco destes com isto?
- É o que há… e cuidado, que é a das batatas; justificou Videntinha a entrega da pequena faca.
- Arranca-o com raízes, Papá… para ele não morrer; sugeriu Riquinho.
- Com raízes? Uma parvalheira dessas só, pode ser coisa do idiota do teu professor de Ciências.
- Bem nós esperamos no carro. Está a começar a ficar frio. Não te demores muito, pediu Videntinha.
- Com raízes! E ainda por cima começou a chover! Vais ver!
Furiosamente dirigindo-se ao pinheiro começou a cortar com a faca o tronco dois palmos acima do chão, sob a constante chuva e várias ruminações suas.
Quarenta minutos depois, com o pinheiro de três metros às costas e já junto ao carro avisou:
- Pronto , já está!
- Cortaste-o! Não quero esse! Não quero um pinheiro morto! Choramingou Riquinho.
Tão a ver a cena… o Nissan Micra, com Xico Esperto e Videntinha à frente; no banco de trás, Riquinho mais o pinheiro, ramos saindo pelas janelas traseiras abertas, metro e meio da copa para fora do portabagagem aberto.
- Não quero um pinheiro morto! Tenho frio! Estou a apanhar chuva! Agravou Riquinho, carro estrada fora em direcção à via rápida.
- Ou mandas calar o imbecil do teu filho ou faço-o engolir o maldito pinheiro!
- És um bruto, Xico! O que tu dizes ao miúdo!
- Não quero um pinheiro morto! Reforça Riquinho.
- A gente trata-lhe do enterro! Pronto, cala-te.
- Vai mais devagar Xico! Está a chover… avisa Videntinha.
- Queres que a Polícia nos apanhe? A uma hora destas e encharcado como estou! Qual mais devagar!
- Eu não quero um pinheiro morto!
- E que é que tu julgas? Que sou um destes imbecis que compram as cartas? Sei muito bem, quando posso acelerar e… eh?!... E este? Porque trava?
CLONC,CRASHPUM,CATAPUM. Choque com a traseira do verde carro.
- Merda! Este cretino vai ouvi-las! Sai do seu Micra dirigindo-se ao outro condutor.
- Azelha! Travar assim! Podíamos ter morrido! Não fossem os meus reflexos… olhe como ficou o meu carro! Ainda por cima, o seu, nem um risco tem… Isto vai custar-lhe os olhos da cara.
- Quem vai pagar é você, seu nabo! Bateu-me por trás.
IIIIIIINNNCCHH, pneus a chiar,CRASH,CLONC. Um outro carro embatera na traseira do Micra, partindo o parabrisas, por via do pinheiro.
- Aghhh! Imbecil, não vês que estou parado? Perguntou Xico Esperto em direcção ao condutor que embatera na traseira do Micra.
- Olha para isto! Tens de mudar de lentes, cegueta! Vou arrancar-te o pouco cabelo que te resta, és um perigo, um irresponsável…
- Mas eu nem toquei no seu carro! A árvore está tão saída! Se tivesse…
- Boa tarde, o que se passa aqui? Demanda o Polícia agora chegado.
- Este amigo, como pode ver, bateu-me por trás, enquanto eu parara por causa da bicha.
- E eu como essa árvore encobre as luzes de presença e está muito saída, não pude travar a tempo e partiu-se-me o parabrisas.
- O senhor terá de pagar todos os prejuízos, por não ter mantido a distância, Quanto a este ( referindo-se a Xico Esperto) , vou multá-lo por… vejamos…
- Eu?! A mim?! Pergunta incrivelmente incrédulo Xico Esperto.
- Exactamente. Pode mostrar-me o certificado de compra do pinheiro?
- Eh… o… certificado…
- Trinta euros de gasolina, cento e vinte de multas, quatrocentos do arranjo do carro, quinze para a gripe que apanhaste… sem contar com a faca das batatas que ficou bonita! Mas poupámos muito, poupámos! E ainda por cima os pinheiros de viveiro duram mais tempo… disse-lhe Videntinha, mirando o acidentado pinheiro natalíciamente adereçado, a um canto da sua sala.
- Eu não quero um pinheiro morto!
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